Quem quer Cristiano Ronaldo?

O que até pouco tempo atrás era impensável está acontecendo: clubes recusam o cinco vezes melhor do mundo

Era para ser a contratação dos sonhos. No dia 27 de agosto de 2021, o Manchester United anunciou no Twitter: “Bem-vindo à sua casa, Cristiano”. Há quase um ano, eu escrevia nesta mesma coluna sobre o retorno de Cristiano Ronaldo ao clube.

O amor era recíproco. CR7 disse que estava voltando para o lugar onde pertencia, falou em conquistar títulos, havia a impressão de que poderia encerrar a carreira na Inglaterra. Menos de um ano depois, a relação azedou. O craque português parece determinado a sair, mesmo com um ano de contrato pela frente, mas está em uma situação até pouco tempo inimaginável para o cinco vezes melhor do mundo: clubes não o querem.

Ronaldo não disse publicamente, mas o motivo parece claro: ele quer deixar o United para tentar jogar a Liga dos Campeões pela 20ª vez seguida, algo que não vai conseguir se ficar em Manchester. O clube terminou em sexto lugar na Premier League, com 16 vitórias, 10 empates e 12 derrotas e só se classificou para a Liga Europa.

Ele não viajou com o time para a pré-temporada na Tailândia e na Austrália apontando razões pessoais – lembrando que, em abril, perdeu um dos filhos gêmeos durante o parto de sua mulher, Georgina. O clube aceitou e entendeu.

Questionado por jornalistas diversas vezes, o novo treinador, Erik ten Hag, repete o discurso enquanto treina a equipe sem ele: “Cristiano Ronaldo não está à venda”. Semana passada, enquanto o United jogava um amistoso, o português postou uma foto sem camisa, fazendo musculação, sozinho, para seus 471 milhões de seguidores no Instagram.

As especulações e apurações começaram. Falou-se em Bayern de Munique, Chelsea, PSG, Napoli. Nada aconteceu. Ou que ele poderia jogar sob o comando de Diego Simeone no Atlético de Madrid, mas o próprio presidente do clube negou, e há resistência de torcedores que não querem alguém que durante anos atuou no rival Real Madrid. Uma proposta para defender um time da Arábia Saudita e até um retorno ao Sporting, primeiro clube profissional da carreira, também seriam possibilidades.

O talento e a dedicação do craque são inquestionáveis. O artilheiro do United na última temporada, com 24 gols no Campeonato Inglês e na Champions, é extremamente profissional, exemplo para os companheiros, e a marca CR7 atrai pelo retorno financeiro. Mas a questão é que tudo isso vem com um pacote complicado para a maioria dos clubes: salário semanal de cerca de 450 mil libras ou mais de R$ 3 milhões; mudanças que um treinador precisa fazer para que o time se adapte ao jogador; e o fato de ter 37 anos.

Isso significa que nos próximos dias, ou até horas, precisa haver uma definição. Durante a última temporada, a imprensa inglesa tentou, sem sucesso, chegar a um consenso se a contratação do português foi mais um bônus ou um ônus, levando em consideração, claro, que o clube tinha seus próprios problemas. Se Cristiano Ronaldo de fato sair, haverá muita gente se perguntando se, no fim, terá sido melhor para o United.

Fonte: folha.uol.com.br

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